quarta-feira, 13 de abril de 2011

Até onde vai a independência?

Penso nisso todos os dias. Mais uma vez retornou à minha mente quando aprendi
essa palavra na aula de alemão: Unabhängigkeit. Um puta palavrão! Mas a
origem
é a mesma da palavra em português, do fato de não depender (abhängen) de algo ou
alguém.


Posso dizer que minha independência começou há cerca de doze meses, quando saí
da casa da minha mãe. Mas só o fato da independência de moradia já marca a
indepe
ndência numa forma geral? É claro que a partir daí não há estrito controle
dos pais sobre nossas atitudes etc. E fico pensando, ter independência é bom?


Poder voltar às 4 da manhã (ou nem voltar) se contrapõe a ter que fazer os serviços
domésticos. Beber e
nlouquecidamente fica numa extremidade, ter que lidar com
controles financeiros se põe na outra. E veja: ficar na rua e beber se opõem a fatos
que descrevo com "ter que". Obrigações. Deveres. Em que medida esses "atos livres"
compensam os "ter que"? Meio q
ue parafraseando Saramago, é notável perceber
que exatamente por estarem em extremidades opostas, é que estão unidas, já que a
vida se compõem de ciclos, de círculos, e as extremidades aí se tocam. Isso só prova
que deveres e direitos não se desvinculam. N
unca.


Mesmo que queiramos, há algo que Freud já denominou: superego, aquele que é
responsável pela autocensura, pelo vulgo "filtro", a barreira moral que nos proíbe
internamente de fazer algo que seria malvisto pela sociedade ou que causaria
desagrado a nó
s mesmos. Ainda bem que existe o superego. Imagine se a cada
pessoa que saísse da casa dos pais se tornasse um alcoólatra, um viciado
irreversível, um porra
-
louca. Não é que não sejamos, mas é que esse tal de superego
aí está pra não nos permitir fazer bes
teiras suficientes a ponto de perdermos a
decência e a dignidade para poder aparecer novamente perante todos.


Sei que pareço moralista, mas acho que é isso. Todo mundo é conservador no fundo.
Quem não quer, mesmo que seja às vezes, paz? Liberdade desmedida
e, ao mesmo
tempo, dosada? Independência sem ficar pendurado nas garras da insanidade? O
que nos faz parecer livres?


cruz
gosto dessa formatação.

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